Ricardo Cabete é especialista em Inteligência Emocional e orador internacional, ajudando pessoas e empresas de todo o mundo a alcançar os seus objetivos de uma forma emocionalmente inteligente. É precisamente com esta perspetiva que Ricardo Cabete deixa aqui algumas sugestões sobre a forma como, com três sugestões, os condóminos podem melhorar os seus relacionamentos no condomínio e tornar a vida em comum mais equilibrada e saudável.

“Os conflitos entre condóminos são comuns. Festas de estudantes, animais de estimação ou obras com ruído elevado em horários não permitidos, são alguns dos motivos de discórdia. Mas existe outro motivo um pouco mais “escondido”, como vamos descobrir. Para já, vou partilhar consigo três dicas práticas para evitar, lidar ou resolver conflitos e melhorar o relacionamento com os seus vizinhos.

  • Descubra a Necessidade Escondida

O que fazer quando alguém diz que não quer pintar o exterior do prédio porque “ainda não está assim tão mau”, mesmo quando sabe que ele está horrível? Em muitos casos, o motivo é outro – essa pessoa não quer assumir que não tem dinheiro para pagar a obra, porque não quer ser julgada pelos vizinhos ou porque quer manter a sua privacidade.

O condómino esconde o verdadeiro motivo porque prefere ser visto como alguém que tem um “argumento fraco” do que como alguém que “não tem dinheiro para pagar”.  As necessidades escondidas podem ser aceitação, privacidade, estatuto, entre outras.

O mais importante é perceber que todos os comportamentos têm uma necessidade humana por trás. Frases como “é estúpido”, “é ignorante” ou “gosta de criar confusão” podem servir para libertar a tensão resultante do conflito, mas nada resolvem. Antes pelo contrário, ajudam a intensificar o conflito.

Da próxima vez que algum condómino disser ou fizer algo que o irrita ou perturba de alguma forma, antes de reagir, pense: qual será a necessidade que está por trás deste comportamento?

Este exercício mental vai ajudá-lo a olhar para a outra pessoa não como um “mentiroso” ou “estúpido”, mas sim como alguém com necessidades humanas. E verá que a forma como vai responder vai ser muito diferente.

  • Utilize a Voz Oceano Pacífico

Conhece o famoso programa de rádio “Oceano Pacífico”? Então, já sentiu o poder calmante de ouvir aquela voz grave e tranquilizante do locutor. O especialista em negociação do FBI, Chris Voss, partilhou esta técnica poderosa de persuasão. Para conseguir acalmar a pessoa com a qual está a ter um conflito e criar uma sensação de segurança e confiança, utilize uma voz similar à voz do “Oceano Pacífico” ao mesmo tempo que utiliza frases como “se percebi bem, o seu ponto de vista é…”

Não precisa de ser algo forçado, apenas coloque a sua voz ligeiramente mais grave, com uma entoação mais suave e diminua a velocidade do discurso.

Na próxima reunião de condóminos, experimente a voz “Oceano Pacífico” e verá como o resultado comunicacional pode ser totalmente diferente.

  • Diga as Palavras Mágicas

Há palavras que parecem mágicas, mas que raramente usamos. Está provado que palavras como “justo”, “juntos” ou “desculpe” ajudam a evitar ou resolver conflitos. Assim, no próximo conflito em que estiver envolvido, experimente dizer algo como: “o mais importante é encontrarmos juntos uma solução para que a nossa decisão final seja a mais justa possível”.

Outra técnica eficaz é começar a frase com a palavra “desculpe”, mesmo que não vá pedir desculpa – “Desculpe, qual o motivo para não querer avançar já com as obras?”. Quando ouvimos alguém a pedir desculpa, acalmamos de forma quase automática.

Os conflitos vão sempre existir, podemos é utilizar o conflito como uma forma de crescimento para encontrar novas soluções.

Em resumo, na próxima reunião de condóminos diga as Palavras Mágicas, com a voz Oceano Pacífico e tente descobrir a Necessidade Escondida!”